1 de dezembro de 2010

1640


Comemora-se hoje, 1 de Dezembro, o Dia da Restauração. No meio da incultura que reina hoje em dia em Portugal, acredito que haja pessoas que não sabem o que é que é isso da Restauração, pois bem, vou explicar. Em 1580 sobe ao trono Português o rei Filipe II de Espanha. D. Sebastião morrera dois anos antes no desastre de Alcácer-Quibir sem deixar descendência. Portugal viu-se assim perante uma crise dinástica na qual, os principais candidatos à sucessão eram D. António Prior do Crato, D. Catarina duquesa de Bragança e o rei espanhol. Quem venceu foi Filipe II de Espanha, sendo aclamado nas cortes de Tomar como D. Filipe I de Portugal, dando assim início aos 60 anos de domínio espanhol, conhecido como o Portugal dos filipes, ou a dinastia de Austria. As coisas pareceram correr bem, ao início, pois Filipe I deixou que Portugal mantive-se a sua língua, a sua moeda, os seus próprios governantes e os seus costumes, sendo, como ele próprio dissera, "Siempre un reino de por sí".

No entanto, a situação agravou-se, principalmente durante o reinado de Filipe III, durante o qual, o valido do rei, o Conde-Duque de Olivares, fez os possíveis para Portugal passar a ser mais uma província espanhola. No dia 1 de Dezembro dá-se a revolta, sendo aclamado rei D. João IV, o oitavo duque de Bragança. A guerra alastra-se até 1668, ano no qual a Espanha reconhece-se a independência portuguesa e é obrigada a retirar as armas de Portugal do seu brasão.

Para além da importância da independência portuguesa, com a Restauração ocorrem dois outros factos que é importante assinalar aqui. A Espanha perde metade do seu império, pondo-se fim à hegemonia espanhola no mundo, sendo esta sucedida pela da França. Por outro lado, a independência Portuguesa marca também o princípio do fim da Casa de Austria em Espanha. Filipe III, IV de Espanha morre poucos anos depois da Restauração, deixando como descendente um filho incapaz e idiota, Carlos II "El Hechizado", chamado assim pela sua deficiência. A Casa de Austria espanhola morre com ele, sucedendo-lhe Filipe V, neto de Luís XIV de França da casa de Bourbon, da qual descende o actual rei de Espanha.

A Restauração de Portugal foi um marco importante, a nível nacional e internacional, no entanto, Portugal nunca viria a retomar a posição de destaque e de poder que obtivera durante a Dinastia de Avis. No entanto, não há nada melhor que a independência, termos o poder de alterarmos e decidirmos o nosso próprio destino. Senão fosse a Restauração hoje falaríamos espanhol, seríamos governados por um rei espanhol e não passaríamos de uma região de Espanha como a Catalunha ou o País Basco. Nunca mais se teria ouvido falar de Portugal. Podem dizer que estamos mal, mas estamos assim por nossa causa, porque nos governamos a nós próprios. Mal ou bem, só nós é que podemos alterar isso, não dependemos de ninguém.

Por último, e para não dizerem que os meus comentários são grandes, vou apenas contar uma pequena anedota. Após a perda de Portugal, Filipe IV de Espanha pediu que lhe chamasse O Grande, comentando o facto, um duque espanhol disse: "Su majestad es como los hoyos, cuanta más tierra pierden, más grandes son." LOL.

Viva a Restauração! Viva a indepedência! Viva Portugal!

2 comentários:

Anónimo disse...

Bom post Miguel... para quem não sabe e seja interessado é uma boa maneira de aprender alguma coisa de jeito.
Nao concordo quando dizes aquilo dos comentarios grandes, quem se interessa lê, quem não se interessa que não leia que nao é obrigadoa nada.

PedroGodinho disse...

Nós queremos post grandes!! E se forem como estes, ainda melhor... Belo post Miguel, sem dúvida alguma. Aqui quem quiser ler, lê, quem não quiser pois não podemos fazer nada.